Do senso comum ao senso crítico
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que supúnhamos saber. Não queremos desmerecer a forma de pensar do homem comum, porém, deixar bem claro que a primeira fase do conhecimento precisa ser superado em direção a uma abordagem crítica e coerente. Esta duplicidade na palavra “saber” corresponde à distinção entre a simples opinião e o conhecimento racionalmente bem fundado.
A palavra saber é derivada da língua latina SAPERE e significa “ter sabor, ter gosto para”. A palavra saber está ligada ao sentido do paladar. Em um primeiro momento a palavra saber está ligada à experiência sensível. Logo, o saber do senso comum é a forma de conhecer a realidade em que se vive, age, mora, fala, integrando o homem em seu meio. Para sobreviver o homem teve que resolver alguns problemas práticos: como os do frio, calor, chuva, doença, sexo, amor, medo, morte etc. A experiência adquirida no enfrentar esses problemas produziu uma forma de conhecer o mundo e de enfrentá-lo. É o conhecimento empírico.
O conhecimento empírico ou do senso comum não explica o porquê das coisas. É um conhecimento que se basta a si próprio porque está ligado à própria experiência humana e permanece, justamente por isso, porque tem fins práticos imediatos. Ele não indaga nem investiga, ao contrário, está baseado na memória, imaginação e associação.
Esse tipo de conhecimento, pelo qual se organiza a nossa experiência comum do mundo, em nosso dia-a-dia, é que chamamos de senso comum. Ele define a maneira como sentimos o mundo e a nós mesmos dentro dele.
Algumas características do senso comum:
·é um conhecimento natural, sem esforço consciente, sem intenção, sem intervenção do desejo ou da vontade.
·é um conhecimento espontâneo e intuitivo. Ele surge como se não obedecesse a nenhuma determinação racional da consciência , quase do mesmo modo como aprendemos a respirar e a andar: é questão de tempo e a regra é a da intuição e da associação por analogia.
·é um conhecimento prático. Está ligado diretamente às nossas necessidades vitais.
·é impreciso => conceitos vagos, sem rigor, que não definem claramente seu conteúdo e seu alcance.
·é incoerente => associação, num mesmo raciocínio, de conceitos contraditórios, que se anulam em termos lógicos.
·é fragmentado => conceitos soltos, que não abrangem, de modo amplo e sistemático, o objeto estudado.
O senso comum é composto de conhecimentos soltos, superficiais, que não nasceram de reflexões profundas e abertas. É compartilhado pela maioria das pessoas. É constantemente marcado pela imprecisão, incoerência, fragmentação. O senso comum não é refletido, impõe-se sem críticas ao grupo social. Por ser um conjunto de concepções fragmentadas, muitas vezes incoerentes, condiciona a aceitação mecânica e passiva de valores não-questionados. Com freqüência se torna fonte de preconceitos, quando desconsidera opiniões divergentes.
O senso comum precisa se transformar em bom senso. Bom senso é a elaboração coerente do saber e a explicitação das intenções conscientes dos indivíduos livres. Segundo o filósofo Gramsci, o bom senso é “o núcleo sadio do senso comum.”
Ao contrário do senso comum, a Filosofia é uma atividade contínua e não algo que possamos atingir de uma vez por todas. Só conseguimos alcançar a Filosofia através da reflexão e da vivência filosófica. A missão da Filosofia é questionar as coisas estabelecidas, é problematizar, e muitas vezes tornar evidente uma realidade (denunciar um fato).
O SENTIDO DA PALAVRA FILOSOFIA
A Filosofia nasceu na Grécia, no século VI a. C.
Etimologicamente, a palavra Filosofia (philosophía) é formada por dois termos gregos:
philos => que traduz a idéia de amor
sophia => que significa sabedoria.
Filosofia, então, significa em sua estrutura verbal, amor à sabedoria, entendida como reflexão do homem acerca da vida e do mundo.
Sendo Filosofia amor à sabedoria e filósofo o amante do saber, esse saber não é qualquer saber. Esse saber se distingue do nosso primeiro saber. Se diferencia do saber do senso comum, aquele saber que se origina de nossas experiências sensíveis, aquele saber composto por opiniões sem fundamento, sem reflexão. O saber filosófico ultrapassa esse saber comum.
Conforme a tradição histórica, a criação da palavra Filosofia é atribuída ao grego Pitágoras.
Pitágoras, perguntado pelo príncipe Leonte, qual era a natureza de sua “sabedoria”, respondera: sou, apenas, um filósofo. Assumindo humildemente a posição de um “amante do saber”, alguém que procura a sabedoria, que busca alcançar a verdade.
A essência da Filosofia é a procura do saber e não a sua posse.
Se a Filosofia é a procura do saber e não a sua posse, podemos dizer que o trabalho filosófico é um trabalho de reflexão.
A palavra reflexão vem do verbo latino reflectere que significa voltar atrás. Filosofar, portanto, significa retornar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, examinar detidamente, prestar atenção e analisar com cuidado. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo e colocando em questão o que já se conhece.
Com o decorrer do tempo, a palavra filosofia foi perdendo seu significado etimológico ( amor à sabedoria), passando a ser a própria sabedoria.
Na Grécia Antiga, o termo Filosofia passou a designar não apenas o amor a procura da sabedoria, mas um tipo especial de sabedoria. Aquela que nasce no uso metódico da razão, da investigação racional em busca do conhecimento. Nesse sentido o saber filosófico difere-se das explicações estabelecidas nos mitos.
Mito é um sistema de explicação fantasioso do mundo, expresso por narrativas fabulosas referentes a deuses, forças da natureza e seres humanos.
Ao contrário do mito, o saber filosófico procurava explicar o mundo por princípios racionais. A Filosofia preocupava-se com o desenvolvimento de raciocínios lógicos, tendo como finalidade desvendar as relações de causas e efeitos entre as coisas. O mito, por outro lado, tem um conteúdo explicativo que não busca convencer a consciência racional do homem. O mito atraí em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano.
Com o nascimento da Filosofia (conhecimento racional do mundo) não significou o desaparecimento do mito. Por muito tempo ainda, os primeiros filósofos gregos compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizava a Filosofia.
O saber filosófico passou a designar, na Grécia Antiga, a totalidade do conhecimento racional desenvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de conhecimento, que se estendiam pela Matemática, Astronomia, Física, Biologia, Lógica, Ética etc. Todo o conjunto dos conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosófico. À Filosofia interessava conhecer toda a realidade sem dividi-la em objetos específicos de estudo.
Na Idade Moderna, o vasto campo da Filosofia entrou em um processo de redução, na medida em que a realidade a ser conhecida passou a ser dividida, recortada, despertando estudos especializados. Aos poucos, conquistaram autonomia muitas ciências particulares, que se desligaram do abrangente saber filosófico. As ciências foram se especializando cada vez mais, e direcionando suas investigações a certos campos da realidade, como: a Matemática, Física, Química, Biologia, Antropologia, Psicologia, Sociologia etc.
Já em nossa época[O1] , prossegue esse processo de especialização do saber racional, pelo qual as diversas ciências particulares se desprendem da Filosofia e delimitam cada vez mais seus objetos de investigação científica.
Resta a Filosofia a busca da compreensão profunda de todos os seres, o trabalho de reflexão sobre os conhecimentos desenvolvidos por todas as ciências, a procura de respostas à finalidade, ao sentido e ao valor da vida e do mundo. À Filosofia, pertence o estudo geral dos seres, do nosso conhecimento e do valor das coisas. Em termos específicos, podemos situar dentro do campo filosófico aqueles estudos que se referem a temas como: Teoria do conhecimento, Fundamentos do saber científico, Lógica, Política, Ética, Estética etc.
Precisamos nos libertar do senso comum, aprendermos a desenvolver nosso senso crítico, ampliar nossa consciência reflexiva. A consciência reflexiva deverá estar voltada para:
·a consciência de si mesmo => crítica de si próprio enquanto pessoa e de seu papel individual e social, uma autocrítica;
·a consciência do mundo => compreensão do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudanças.
Para iniciarmos o exercício filosófico, devemos partir da decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; em tempo algum aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.
Analogia =>raciocínio por semelhança
Empírico => baseado na experiência comum, não metódica
Etimologia => parte da lingüística que estuda o étimo das palavras.
Étimo => o vocábulo que dá origem a outros, quanto ao significado.
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que supúnhamos saber. Não queremos desmerecer a forma de pensar do homem comum, porém, deixar bem claro que a primeira fase do conhecimento precisa ser superado em direção a uma abordagem crítica e coerente. Esta duplicidade na palavra “saber” corresponde à distinção entre a simples opinião e o conhecimento racionalmente bem fundado.
A palavra saber é derivada da língua latina SAPERE e significa “ter sabor, ter gosto para”. A palavra saber está ligada ao sentido do paladar. Em um primeiro momento a palavra saber está ligada à experiência sensível. Logo, o saber do senso comum é a forma de conhecer a realidade em que se vive, age, mora, fala, integrando o homem em seu meio. Para sobreviver o homem teve que resolver alguns problemas práticos: como os do frio, calor, chuva, doença, sexo, amor, medo, morte etc. A experiência adquirida no enfrentar esses problemas produziu uma forma de conhecer o mundo e de enfrentá-lo. É o conhecimento empírico.
O conhecimento empírico ou do senso comum não explica o porquê das coisas. É um conhecimento que se basta a si próprio porque está ligado à própria experiência humana e permanece, justamente por isso, porque tem fins práticos imediatos. Ele não indaga nem investiga, ao contrário, está baseado na memória, imaginação e associação.
Esse tipo de conhecimento, pelo qual se organiza a nossa experiência comum do mundo, em nosso dia-a-dia, é que chamamos de senso comum. Ele define a maneira como sentimos o mundo e a nós mesmos dentro dele.
Algumas características do senso comum:
·é um conhecimento natural, sem esforço consciente, sem intenção, sem intervenção do desejo ou da vontade.
·é um conhecimento espontâneo e intuitivo. Ele surge como se não obedecesse a nenhuma determinação racional da consciência , quase do mesmo modo como aprendemos a respirar e a andar: é questão de tempo e a regra é a da intuição e da associação por analogia.
·é um conhecimento prático. Está ligado diretamente às nossas necessidades vitais.
·é impreciso => conceitos vagos, sem rigor, que não definem claramente seu conteúdo e seu alcance.
·é incoerente => associação, num mesmo raciocínio, de conceitos contraditórios, que se anulam em termos lógicos.
·é fragmentado => conceitos soltos, que não abrangem, de modo amplo e sistemático, o objeto estudado.
O senso comum é composto de conhecimentos soltos, superficiais, que não nasceram de reflexões profundas e abertas. É compartilhado pela maioria das pessoas. É constantemente marcado pela imprecisão, incoerência, fragmentação. O senso comum não é refletido, impõe-se sem críticas ao grupo social. Por ser um conjunto de concepções fragmentadas, muitas vezes incoerentes, condiciona a aceitação mecânica e passiva de valores não-questionados. Com freqüência se torna fonte de preconceitos, quando desconsidera opiniões divergentes.
O senso comum precisa se transformar em bom senso. Bom senso é a elaboração coerente do saber e a explicitação das intenções conscientes dos indivíduos livres. Segundo o filósofo Gramsci, o bom senso é “o núcleo sadio do senso comum.”
Ao contrário do senso comum, a Filosofia é uma atividade contínua e não algo que possamos atingir de uma vez por todas. Só conseguimos alcançar a Filosofia através da reflexão e da vivência filosófica. A missão da Filosofia é questionar as coisas estabelecidas, é problematizar, e muitas vezes tornar evidente uma realidade (denunciar um fato).
O SENTIDO DA PALAVRA FILOSOFIA
A Filosofia nasceu na Grécia, no século VI a. C.
Etimologicamente, a palavra Filosofia (philosophía) é formada por dois termos gregos:
philos => que traduz a idéia de amor
sophia => que significa sabedoria.
Filosofia, então, significa em sua estrutura verbal, amor à sabedoria, entendida como reflexão do homem acerca da vida e do mundo.
Sendo Filosofia amor à sabedoria e filósofo o amante do saber, esse saber não é qualquer saber. Esse saber se distingue do nosso primeiro saber. Se diferencia do saber do senso comum, aquele saber que se origina de nossas experiências sensíveis, aquele saber composto por opiniões sem fundamento, sem reflexão. O saber filosófico ultrapassa esse saber comum.
Conforme a tradição histórica, a criação da palavra Filosofia é atribuída ao grego Pitágoras.
Pitágoras, perguntado pelo príncipe Leonte, qual era a natureza de sua “sabedoria”, respondera: sou, apenas, um filósofo. Assumindo humildemente a posição de um “amante do saber”, alguém que procura a sabedoria, que busca alcançar a verdade.
A essência da Filosofia é a procura do saber e não a sua posse.
Se a Filosofia é a procura do saber e não a sua posse, podemos dizer que o trabalho filosófico é um trabalho de reflexão.
A palavra reflexão vem do verbo latino reflectere que significa voltar atrás. Filosofar, portanto, significa retornar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, examinar detidamente, prestar atenção e analisar com cuidado. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo e colocando em questão o que já se conhece.
Com o decorrer do tempo, a palavra filosofia foi perdendo seu significado etimológico ( amor à sabedoria), passando a ser a própria sabedoria.
Na Grécia Antiga, o termo Filosofia passou a designar não apenas o amor a procura da sabedoria, mas um tipo especial de sabedoria. Aquela que nasce no uso metódico da razão, da investigação racional em busca do conhecimento. Nesse sentido o saber filosófico difere-se das explicações estabelecidas nos mitos.
Mito é um sistema de explicação fantasioso do mundo, expresso por narrativas fabulosas referentes a deuses, forças da natureza e seres humanos.
Ao contrário do mito, o saber filosófico procurava explicar o mundo por princípios racionais. A Filosofia preocupava-se com o desenvolvimento de raciocínios lógicos, tendo como finalidade desvendar as relações de causas e efeitos entre as coisas. O mito, por outro lado, tem um conteúdo explicativo que não busca convencer a consciência racional do homem. O mito atraí em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano.
Com o nascimento da Filosofia (conhecimento racional do mundo) não significou o desaparecimento do mito. Por muito tempo ainda, os primeiros filósofos gregos compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizava a Filosofia.
O saber filosófico passou a designar, na Grécia Antiga, a totalidade do conhecimento racional desenvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de conhecimento, que se estendiam pela Matemática, Astronomia, Física, Biologia, Lógica, Ética etc. Todo o conjunto dos conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosófico. À Filosofia interessava conhecer toda a realidade sem dividi-la em objetos específicos de estudo.
Na Idade Moderna, o vasto campo da Filosofia entrou em um processo de redução, na medida em que a realidade a ser conhecida passou a ser dividida, recortada, despertando estudos especializados. Aos poucos, conquistaram autonomia muitas ciências particulares, que se desligaram do abrangente saber filosófico. As ciências foram se especializando cada vez mais, e direcionando suas investigações a certos campos da realidade, como: a Matemática, Física, Química, Biologia, Antropologia, Psicologia, Sociologia etc.
Já em nossa época[O1] , prossegue esse processo de especialização do saber racional, pelo qual as diversas ciências particulares se desprendem da Filosofia e delimitam cada vez mais seus objetos de investigação científica.
Resta a Filosofia a busca da compreensão profunda de todos os seres, o trabalho de reflexão sobre os conhecimentos desenvolvidos por todas as ciências, a procura de respostas à finalidade, ao sentido e ao valor da vida e do mundo. À Filosofia, pertence o estudo geral dos seres, do nosso conhecimento e do valor das coisas. Em termos específicos, podemos situar dentro do campo filosófico aqueles estudos que se referem a temas como: Teoria do conhecimento, Fundamentos do saber científico, Lógica, Política, Ética, Estética etc.
Precisamos nos libertar do senso comum, aprendermos a desenvolver nosso senso crítico, ampliar nossa consciência reflexiva. A consciência reflexiva deverá estar voltada para:
·a consciência de si mesmo => crítica de si próprio enquanto pessoa e de seu papel individual e social, uma autocrítica;
·a consciência do mundo => compreensão do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudanças.
Para iniciarmos o exercício filosófico, devemos partir da decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; em tempo algum aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.
Analogia =>raciocínio por semelhança
Empírico => baseado na experiência comum, não metódica
Etimologia => parte da lingüística que estuda o étimo das palavras.
Étimo => o vocábulo que dá origem a outros, quanto ao significado.
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