domingo, 30 de março de 2008

Epideixes
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/sofistas/frames.htm
Os sofistas não encontraram uma clientela já pronta para os receber. Tiveram que a cortejar, persuadir o público sobre a importância dos seus serviços. Isto pressupõe, como não podia deixar de ser, a utilização de meios para chamar a atenção das pessoas e o recurso a métodos que, actualmente, se situam no campo da publicidade. Para se fazerem conhecer, para manifestarem a excelência do seu ensino e darem mostras da sua habilidade, os sofistas ofereciam uma exibição pública, chamada de epideixes. Esta podia acontecer em vários locais e é óbvio que os sofistas os escolhiam consoante a concentração de pessoas neles existente, uma vez que pretendiam, através da epideixes, dar-se a conhecer e cativar o maior número de alunos possível. Em geral dirigiam-se ao Ágora e aos ginásios.
Além disso, procuravam estar presentes nas várias celebrações festivas, excelente ocasião para se darem a conhecer e para porem à prova a sua competitividade. De facto, tinham nas festas óptimas oportunidades para entrar em confronto, procurando ganhar prémios como os poetas anteriormente haviam feito. Como Protágoras dizia "qualquer discussão era uma batalha verbal entre os intervenientes, em que um sai vencedor e o outro vencido" (Kerferd, 1981: pág.29).
Os sofistas eram também facilmente encontrados em campeonatos desportivos. Parece que Hípias fez várias exposições públicas nos Jogos Pan-Helénicos, em Olímpia, durante as quais se oferecia para falar de qualquer assunto de uma determinada lista preparada para o efeito e respondia a eventuais questões. Górgias discursou sobre variados assuntos no Teatro de Atenas, em Olímpia e em Delfos, durante os jogos
Mas não é tudo... As epideixes podiam ter ainda lugar em casas privadas, como o que aconteceu na casa de Cálias, no diálogo platónico "Protágoras".
Quais as formas que a epideixes podia tomar? Uma epideixes era, inicialmente, uma simples leitura. Protágoras terá sido o primeiro sofista a introduzir os debates e conferências como forma de epideixes. Essas conferências podiam ser públicas, podiam ser reservadas a uma escol e, portanto, já serem pagas, podiam ser simples palestras de propaganda, o que custava apenas 1 dracma, ou podiam ser lições técnicas. A epideixes podia basear-se num vivo confronto entre o sofista e o auditório, em que estes faziam perguntas a que o sofista procurava dar resposta. Em alternativa a este método, a epideixes podia apenas consistir num eloquente discurso proferido pelo sofista sobre um tema que havia preparado ou sobre um texto escrito. Estas declamações podiam ser meros exercícios de retórica, cujo principal objectivo era mostrar como o caso menos promissor também podia ser defendido. De uma maneira geral, o que os sofistas pretendiam com as epideixes era encantar e impressionar a multidão. Face a este propósito, um aspecto que os sofistas também não esqueciam era o seu traje e o seu porte. Não podemos desprezar o facto, como refere Marrou (1966: pág.87) de estarmos na Grécia e na Antiguidade, pelo que, para impressionar um auditório, o sofista não hesita em pretender a omnisciência e a infalibilidade. Como tal, "apresenta um tom doutoral, um comportamento solene ou inspirado, pronuncia as suas sentenças do alto de um trono elevado, revestindo mesmo, às vezes, parece, o costume pomposo do rapsodo no seu grande manto de púrpura" (Marrou, 1966: pág.87). De facto, alguns sofistas, tais como Hípias e Górgias, confeccionavam os seus próprios fatos, tal era a importância que atribuíam ao seu aspecto.

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